Eu preciso te
falar, te encontrar de qualquer jeito... Pra sentar e conversar. Depois
andar de encontro ao vento. Eu preciso respirar, o mesmo ar que te
rodeia. E na pele quero ter, o mesmo sol que te bronzeia. Eu preciso
te tocar, e outra vez te ver sorrindo...
Cinco
anos... o tempo passa tão rápido que a gente nem se dá conta!
Toda
vez que ouço essa música me lembro de quanta coisa deixamos de fazer juntos.
Parece
maluquice, mas acreditamos que a morte pode acontecer com um artista de
televisão, com um vizinho ou com um parente, mas nunca dentro da nossa própria
casa. Ainda mais do jeito que você se foi, tão de repente...
No dia
em que você nos deixou, era feriado em Bauru. As pessoas iam saindo lentamente,
em silêncio, talvez para aproveitar o dia de folga com a família, descansar ou
simplesmente curtir... enquanto eu me deixava ficar, com um nó na garganta,
querendo desesperadamente gritar por socorro, me perguntando “o que eu faço
agora?” e esperando que em uma reviravolta louca você se levantasse dizendo que
era uma brincadeira de mal gosto. Depois que todos se foram, a dor latejante
veio com toda força, me rasgando de dentro para fora.
Nada
do que eu vivi até hoje se compara aquele momento. Encontrei muita gente
solidária neste percurso, mas também uma quantidade surpreendente de pessoas
com alma dura, que até hoje julgam o meu sofrimento. Mas o que eu posso fazer?
Fui obrigada a vestir uma armadura, não tive a opção de escolher o figurino.
Eu
sei que a vida é feita de etapas: nascemos, vivemos e morremos... só que neste
espaço do “vivemos”, enterramos quem amamos!
Se
enterrei alguém que amei a minha vida toda, como eu poderia simplesmente
esquecer tão rápido?
Luto
patológico? Pode ser! Apesar de que jamais imaginei que luto devesse ter data
marcada para terminar. Para mim luto é enquanto a pessoa me fizer falta e,
neste caso, é para sempre!
A
vida não para em prol de nossa dor e sofrimento. É óbvio que não deixei de
comemorar minhas realizações, porém, aprendi que após a sua partida todas elas
são alegrias com uma pontinha de tristeza. Aprendi que a vida após o luto é um
exercício diário: aos poucos nossas reações se modificam, nossos sentimentos se
acalmam e o choro desesperado e sufocante dá lugar a uma saudade compriiiidaaa,
recheada de lembranças...
Ainda
assim PAI... quero que saiba que se mil vidas eu tivesse, mil vidas eu
aceitaria enfrentar essa dor, apenas pelo prazer de todo o antes que vivi ao
seu lado.
Com
o luto eu aprendi que fui abençoada por ter a honra de Deus ter me dado um pai
tão maravilhoso, que hoje é meu anjo da guarda e que me faz tanta falta!
Te
amo. Além da vida!